20 outubro 2009

Gostava de dizer "Até um dia Jinx..."

Todos temos dias especiais ou menos especiais...
Um dia muito especial foi quando decidimos ir à UZ, escolhemos e trouxemos a nossa gatinha preta para casa. Chamavam-na de "Pilhosa".
Foi um dia lindo com sol, dos mais felizes que tive na vida, cheios de orgulho, carinho e motivação para dar uma nova vida àquele Ser para toda a vida.
Ao chegar a casa, nem estranhou e parecia que já conhecia os cantos sem explorar demasiado. Subiu para a nossa cama e ao jeito de agradecimento, deitou-se, rebolou, ronronou e roçou o corpinho na nossa cara e no que encontrasse a jeito. Não poderíamos estar mais certos, seria para sempre...

Ontem foi especialmente um dos dias mais tristes da minha vida.
Finalmente chegava o chamado Outono e nuvens que hoje retratavam o meu estado de espírito. Parecia que a natureza a chorava.
A Jinx não resistiu à doença que a levou ao veterinário no dia 6... ficou internada, com bartonela e infecção no fígado.
Melhorou e passou o fim-de-semana connosco, mas por pouco tempo. Voltou a ser internada a 12. No dia 15, fui buscá-la mas à noite o diagnóstico foi ainda pior. Estava muito mal, desidratada, abdómen distendido e precisava de cuidados urgentemente 24h/dia.
Chegou a temida notícia, ou melhorava nas próximas 48h com tratamento intensivo e alimentada de 2 em 2h ou teríamos de nos preparar, por haver suspeita de PIF.

O chão fugiu-me dos pés e o céu caíu-me em cima. Nunca pensei que um ser vivo se tornasse tão ou mais importante que qualquer outra pessoa que eu estime e ame. Nunca senti algo parecido, a angústia e a incerteza pela sua saúde que se estava a apagar.
Fizemos tudo o que pudemos, é uma certeza. E sabemos que lhe demos uma vida feliz, mesmo quando um dia a vimos com ar aborrecida sem saber o que fazer, e decidimos lhe arranjar uma companhia.
Gostava que me acompanhasse por muitos anos até ser velhinha, mas não foi possível.

Escrevo para desabafar porque ultimamente não está a ser fácil, parece que caíu em mim uma depressão que só de alguém me perguntar por ela, vêem-me lágrimas aos olhos e um aperto na garganta.
E só me lembro como era doce e terno o seu olhar quando falava com ela... não miava, apenas emitia um som com 3 érres "rrr" e o beiço tremia, daí chamarmos-lhe de "beiçoleta".
Havia mais 2 nomes que lhe dávamos: "pêta" ou Jincas. Eram 4 nomes que ela tinha, cada um para a sua ocasião.
Neste momento, receio ir buscar mais alguma gata, mas a Sushi começou-se a aperceber e ficou muito calma e carinhosa, à noite procura o nosso colo e dorme enroscada no meu pescoço.

Fazia dia 9, 6 meses que a Jinx estava connosco.
Por tudo isto gostaria de dizer "até um dia Jinx..." mas não será possível, porque esse dia já não se encontra na minha vida.